segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Ceia Cerimonial


De manhã é hora de acordar,
preparar o chá,
refletir na boa nova,
para depois ir cuidar dos afazeres.

A vida requer algum misticismo,
sim, algum ritual,
que seja inerente à existência,
tanto quanto ela venha a ser
uma existência de caráter individual.

O altar está armado,
desça, Senhor, para a ceia cerimonial!

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Intuição


Não há tormento,
nenhum pensamento 
que me tire essa sede de viver
para encontrar você,
que eu não sei por onde anda,
se está chegando
ou se chegará 
algum dia.

E não há vento
que me leve o som
de um sentimento,
que é o de ir vivendo
cada amor, 
cada momento...
Pois, sem ter você,
amo a boemia,
que me faz sonhar,
cantar
e escrever poesia.

Seu olhar,
eu hei de reconhecer
diante dos meus olhos de ressaca
- quando pintar -
num lance de magia.




sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Bonito é viver de amor


Eu precisava compreender
coisas em mim
e ao meu redor.

Eu precisava me convencer
quais dos amigos são mesmo bons.

Eu precisava me refazer
de uma vida em desamor.

Viver correndo contra a ilusão,
ir trabalhando o meu coração.

Eu precisava aprender
junto contigo, oh meu amor,
como é bonito viver
de amor...

Eu precisava aprender
junto contigo, oh meu amor,
e agora eu quero trilhar
no amor...

Cançãozinha


Quando vejo o sol,
eu penso logo em teu olhar,
que irradia a alegria
de um despertar
profundo,
por se contentar
com o mundo
turvo
como está.

Quando você "sorre"
é tão bonito combinar
teu sorriso fino
com esse brilho de olhar
que eu busco,
para me mostrar o mundo
e me conduzir,
pois, até aqui,
tudo o que eu só quis
foi caminhar.

Lá - rá lá laiá laiaá
Lá - rá lá laiaá laiaá
Lá laiá laiá
Lá laiá laiá laiá laiaá


quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Nada concreto no chão


Uma peneira
Nas mãos lisas da impunidade,
Peneirando os finos grãos
E segurando os grossos pedregulhos
Do mesmo entulho.

Eis a justiça brasileira
Para a qual abaixamos a cabeça
Em respeito e devoção.

Ladrão de galinha em regime fechado
E colarinho branco
Saindo para o trabalho,
Depois de roubar toda uma nação.

Mas, tijolo por tijolo,
A gente vai ficando sufocado
Nessa imensa prisão,
Enquanto a peneira ousa tapar
Até mesmo o sol,
Que vai ficando quadrado
Na minha imaginação.

Anarquia!
Porque é preciso botar fogo
No circo, enquanto nos faltar pão!

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

A falsa, a face


A face é falsa, amigo,
é disfarce.
Diz ser face,
mas é falsa.

Escarra na boca que beija
depois queima-se fumando um cigarro
até acordar de manhã
sem saber de nada.

E faz "cara de paisagem"
como se nada tivesse acontecido.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

(...)



Um sol claro fechando a madrugada fechada entre nuvens, um sorriso de criança proporcionando alegrias infinitas, um bom café com frutas espalhadas sobre a mesa e o bem-estar de ser vivente e confiante da sorte.
Mas havia uma coisa ausente, ainda sim, que não cabe numa explicação rudimentar, pois não adentra em qualquer definição que seja sobre este vazio, este silêncio, essa profundidade exilada em mim. É algo inatingível pela razão!
O cigarro que eu, por mania e por fraqueza, acendi após o café da manhã, pode ter sido algo, também, que tenha modificado aquele estado de espírito que tudo ao redor inspirava, não sei.



(E precisamos ainda atentarmo-nos para essa mudança gritante entre um estado e outro, porque pode denunciar loucura isso de ser humano; e assumir aos outros, assim, isso de ser tão minúsculo - apesar de complexo - a habitar um pontinho qualquer no espaço, pode mormente causar dores ainda maiores para a dimensão infinita que é ser humano! Isso se não nos libertar de vez...)

"Tristeza não tem fim,
felicidade sim"!

sábado, 7 de setembro de 2013

Grão-Mestres



Os podres, irmãos,
apesar de federem,
reinarão, sempre,
e apodrecerão os verdes
- antes de ficarem maduros -
e, também, os que maduros
agora estão!

Melhor é guardar as sementes,
que a terra está perigosa,
e a gente precisa mais é acordar
(com a aurora),
ao invés de plantar novos grãos. 



sábado, 24 de agosto de 2013

A MULHER DA VITRINE



Eu quero comprar uma mulher de corpo perfeito
- para uso doméstico, sabe?

Quero vesti-la com a melhor seda.

Não quero que ela seja inteligente e nem sensível,
para não correr o risco de ficar apaixonado por ela.
Que seja burra mesmo!

Quero um carro para tirar uma onda na cidade com ela.

Quero fazer sexo com ela
sem me importar com o seu prazer,
apenas com o meu.

Quando eu me cansar,
jogo-a fora e compro outra,
diferente na superfície e igual no interior.

Achar essa mulher é fácil,
mas cadê o dinheiro para comprá-la?

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Verbo ser



Não sei se sou...
se aquele que é for aquele que é,
não sei quem sou.

Se sou amor,
Deus não é,
pois parecer não é ser o que é.
Se Deus é amor, eu não sou.

Eu perdi meu ser.
Eu perdi meu ser.
Eu perdi meu ser dentro de você.

Não sei quem sou.
Se fosse, não seria o amor.
A flor só é flor porque ela é flor.
Não precisa ser para ser o que é.
E eu não sei ser sem ser o que sou.

Eu perdi você.
Eu perdi você.
Eu perdi você dentro do meu ser.

Quem é o que sempre foi o que é.
Quem é o que é nunca foi o que foi.
Quem é o que foi, sempre foi.
E quem sempre foi não foi sempre o que é.

Eu perdi você.
Eu perdi você, meu ser.
Eu perdi você dentro do meu ser!